Descida de juros impulsiona crédito habitação em Portugal

O clima económico em Portugal está a tornar-se mais favorável à compra de casa com financiamento bancário, uma vez que os juros no crédito habitação estão a descer desde o início do ano. Esta tendência tem-se refletido na procura de novos empréstimos entre abril e junho de 2024, com as famílias a procurarem casas 5,8% mais caras e a pedirem 24,1% mais dinheiro aos bancos do que no mesmo período do ano anterior, segundo o relatório trimestral do idealista/créditohabitação.

Em 2023, a compra de casas a preços mais baixos e o pedido de menores montantes nos empréstimos predominava devido aos elevados juros e ao baixo poder de compra. No entanto, desde o início de 2024, verifica-se uma mudança. As famílias estão mais confortáveis em procurar imóveis mais caros e a solicitar créditos habitação de valores mais elevados.

No segundo trimestre de 2024, os pedidos de crédito habitação destinados à compra de uma habitação principal aumentaram, com o preço médio das casas atingindo 192.526 euros, 5,8% mais elevado do que no ano anterior. O valor médio do crédito solicitado foi de 171.442 euros, um aumento de 24,1%. A percentagem média de financiamento pretendida foi de 83%, mais 5 pontos percentuais do que no ano passado.

Os empréstimos formalizados também seguiram esta tendência. Entre abril e junho de 2024, as famílias compraram casas 16,4% mais caras, com o preço médio de 242.025 euros, e contrataram créditos por valores 18,7% mais elevados, em média 166.379 euros. O financiamento bancário médio foi de 74%, um aumento de 1 ponto percentual face ao ano anterior. Mais de metade destes empréstimos foram destinados à compra da primeira casa.

A descida das taxas Euribor, que têm diminuído antecipando cortes nos juros do Banco Central Europeu, é um dos principais fatores que impulsionam esta recuperação. Além disso, a oferta de taxas mistas mais acessíveis por parte dos bancos e o alívio no teste de stress para créditos habitação a taxa variável e mista facilitaram o acesso ao crédito.

A inflação em Portugal tem diminuído, aliviando o poder de compra das famílias. Em junho, a taxa de inflação foi de 2,8%, comparada com 3,4% no ano anterior. A resiliência do mercado de trabalho, com mais de 90% dos proponentes de crédito em empregos estáveis, também contribui para esta confiança.

No entanto, os baixos salários continuam a travar a contratação de crédito habitação. Famílias com rendimentos inferiores a 2.000 euros por mês representaram 48% dos pedidos de crédito, mas apenas 19% dos contratos formalizados, indicando uma taxa de esforço elevada que impede muitos de avançarem com os empréstimos.

Os dados foram revelados no relatório trimestral do idealista/créditohabitação e noticiados pelo idealista/news.